quarta-feira, 10 de maio de 2017

GRS | A conquista da Europa continua

Quando o Salvador Sobral foi escolhido para representar Portugal na Eurovisão 2017 fiquei sem reação, confesso. Da melodia à figura, tudo contrastava com as habituais escolhas. Fizeram-se piadas, muitos ficaram chocados e envergonhados pela escolha, que agora é que íamos ser a piada, que agora é que íamos trazer um zerinho para casa, que anda tudo queimadinho do juízo, que assim é que não. Tudo à bom português que gosta sempre de mandar para baixo tudo o que tem assinatura tuga, porque os vizinhos é que é. Também houve os que elogiaram, enalteceram e valorizaram aquela escolha - estes foram vistos como os intelectuais da música, os snobs que não sabem o que o Zé Povinho gosta.

Eu não tenho formação em música, mas tenho um gosto musical muito eclético, gosto de ouvir um pouco de tudo. Quando ouvi pela primeira vez o Salvador, não percebi se gostei, mas também não consegui dizer que não tinha gostado. Dias depois, ouvi novamente. Havia ali qualquer coisa de muito único e especial, que me fazia ouvir até ao fim. Sem ruído visual em volta, apenas a música. Singular e cativante, algo que primeiro se estranha e, depois, se entranha. Não é música para ouvir em loop ou constantemente na rádio, pois não é essa a sua essência. É uma melodia para ser apreciada num palco, idealmente ao vivo. E, durante aqueles breves minutos, há um ambiente de paz que nos envolve e eleva a língua portuguesa a um patamar exclusivo, como se não houvesse outra língua que pudesse cantar aquela canção. E enquanto assistia à sua atuação, acreditei que temos tudo para ganhar a Eurovisão este ano.

Só hoje consegui parar um bocadinho para ver a atuação do Salvador na semifinal da Eurovisão 2017. Confirmei a minha teoria do "estranha-se e, depois, entranha-se"! À terceira vez, já senti a música como minha e gostei tanto, que julguei até ser impossível alguém não gostar. Anos depois, estamos novamente na final e só podemos estar orgulhosos.

Faço muita questão de ver a final em direto, no próximo sábado, como nos velhos tempos, em que o Festival da Eurovisão fazia parar o país e reunia toda a família a suspirar por pontos para Portugal. Este ano vamos vê-los a chegar e a somar. Acredito verdadeiramente nisto.

conquista

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